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terça-feira, 29 de junho de 2010


como é bom parecer em paz
segundos eternos
ilusão
mesmo assim
sinto o sol
sinto cheiro de mar
sinto que a simplicidade pode
me salvar nesse instante.
amanhã nao sei.
quero ser simples.

domingo, 27 de junho de 2010


meu pensamento está contigo
minhas emoções sussuram em teus poros
de longe

você sente?

o vento que toca os teus lábios
são meus desejos
voe para longe
assim esqueço

você sentirá?

terça-feira, 22 de junho de 2010

cansaço...desde que ouvi vozes no jardim de folhas...
tenho estado cansada de ouvir
estou exausta de procurar razões
investigo verso por verso,
fala por fala
nao encontro nada.
estava errada
mais uma vez.

segunda-feira, 21 de junho de 2010


abri minha porta para ti...
deixei-a escancarada
voce nao quis entrar,
passou ao largo
que fiz eu das meus sonhos?
apenas eram ilusoes
agora ando olhando para o sol...
quero ver luzes coloridas.
quero fechar a porta.talvez voce entre pelas janelas
como um ladrao

domingo, 20 de junho de 2010


cada vez que saio do meu costumeiro cotidiano
parando para ver
estatica para olhar
muda de corpo
nao de alma
quero dancar
olhando os detalhes

quarta-feira, 16 de junho de 2010

estou vazia...
hoje consegui chorar
finalmente.
depois de ver a maré subir
depois de olhar para o lado e ver somente o escuro
consegui...
tudo fica umido
friagem noite

terça-feira, 15 de junho de 2010

Passo em frente sua casa.
olho
Janelas fechadas
Sonhos finalizados.
Como podemos fechar um sonho?
me sinto ridicula -
Alvaro de Campos pode..por que eu não?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

não queria chorar por vc...meu Dionísio...
que nao sabes que és meu.
estou sozinha e queria estar em seus braços.
estou chorando, dor de olhos
por nao ver. A lua é testemunha de seus amores.
eu nao.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

uma gota de água...
nao quero morrer de sede.
Às vezes é apenas isso que temos.
GOTA DE ÁGUA.
gota de lágrima.

domingo, 6 de junho de 2010


é impressionante como podemos ocupar o tempo,
tudo para não pensar em como ousei mais uma vez ser algo que não sou.
As perguntas de sempre: o que quero?
quero longe de mim o narcisismo,
quero perto a descoberta de novos caminhos.
auto-descoberta.
deixar-se levar pelo vento, pelo frio,
pelo calor e por arrepios...
mas ter plena consciencia do que sou
e de onde estou.
ASSUMIR-SE nao se esconder por tras de mascaras que ja nao me enganam mais.
ventos de mudança precisam tocar minha alma.
********************************************
Suspiros, sussurros.
A escrita como forma de sublimação.
Tenho lido sobre a imaginação.
É clara a minha imaginação frente a alguns acontecimentos
Para mim as coisas sempre tomam proporções homéricas.
E não era para ser assim.
Estou aqui para aprender e para errar.
Para tentar de novo e mais uma vez viajar nas asas da minha imaginação.
Escuto mais uma vez um sussurro: minha respiração ofegante olha para tras
"Você está sozinha menina!
É forte o suficiente para não ter medo e continuar."
Quantas máscaras preciso arrancar para me olhar nos olhos?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Muito obrigada por ter me mostrado...
agora isso tambem é meu...
como diz zeca baleiro "poesia nao tem dono"...
salve alberto caeiro:

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela unica grande razão -
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e a chuva,
E sentando-me outra vez a porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraido.

ODE REMOTA E DESCONTINUA VI

Três luas, Dionísio, não te vejo.
Três luas percorro a Casa, a minha,
E entre o pátio e a figueira
Converso e passeio com meus cães

E fingindo altivez digo à minha estrela
Essa que é inteira prata, dez mil sóis
Sirius pressaga

Que Ariana pode estar sozinha
Sem Dionísio, sem riqueza ou fama
Porque há dentro dela um sol maior:

Amor que se alimenta de uma chama
Movediça e lunada, mais luzente e alta

Quando tu, Dionísio, não estás.

Hilda Hilst




agora meu eu do alpendre fala:
tenho um Dionisio...
mas o tenho em meus sonhos.
Ele nao existe de verdade.
Nao posso entrar na vida dele
Só ele entrou na minha.
olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas
(ana cristina cesar)

quinta-feira, 3 de junho de 2010


LEITURA ORIGATÓRIA:

AMOR LIQUIDO
PRECISO DESSE LIVRO PARA ONTEM...

deitar-me sobre flores.
movimentos no chão e no ar.
Tudo gira ideais e ideias.
sou feita de que?
de açúcar? não.
de tristezas? talvez
de ossos e carne? com certeza.
de alma também.
Mas agora queria que tudo parecesse mais simples.
preto no branco
vermelho no tecido branco
sua presença parece percorrer minha vida além do estar contigo.
Isso não quero.
Sou sozinha, sem açucar, com algumas tristezas, com meu corpo e minha alma...essa talvez...


pensando sobre tudo...
está bem..TUDO é muita coisa.
pensando sobre o estar.
sobre a liberdade.
sobre os sonhos de "donzela".
Amar a pessoa no limite de ambos. Amar sem peso...
sem necessidade de estar perto.
Por que a construção de algo em comum????
...
deixe o comum para quando se tiver vontade. Amor desprendido.
estar NAQUELE MOMENTO com o outro...
depois não mais.
LIBERDADE.
será que consigo?

terça-feira, 1 de junho de 2010

A Moça Tecelã

Marina Colasanti

"Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte."

descobertas...hoje dia cansado, dia cheio e ao mesmo tempo vazio.
cheio de gente
vazio de sentidos.
o sentido do dia a dia....
o porque de fazer...posso retrucar no por que de perguntar.
não questione menina.
faça, só nao repita seus erros de sempre....
dani escreveu que eu queria ser tecelã....
mas queria ser como a moça tecelã de marina colassanti...essa sim...tecelã menina, sonhos tecidos, desmanchados e refeitos ao sabor de mãos, olhares e texturas.