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segunda-feira, 26 de julho de 2010

me vi dançando numa tela estreita.
braços e mãos tocavam as grades...
ode remota e descontínua toca no meu corpo
a partir de agora.
sinto cada acorde...
ao olhar.
metade da porta se fecha,
cacos de vidro sob meus pés
angústia e sorriso saem da minha boca.
o primeiro por nao ter alternativa.
o segundo porque tudo pode ser um grande mal entendido.
sorria...você está sendo filmada....
cada passo seu
sapato de salto vermelho.

Insônia

A noite demora a passar
Minha cabeça espalha mil pensamentos
como confetes de carnaval pelos ares.
Você me fez feliz por existir e
Contou-me histórias da minha velhice
sem saber o que fazia.
Não, não tenho mais o mesmo sorriso, nem os mesmos sonhos.
Já morri uma dezena de vezes.
Depois que me mataram uma vez ninguém mais o fará.
morro sozinha.
Acredito nas pessoas e nas ideias por talvez ter vivido demais e agora só quero olhar as estrelas...
Enquanto você prefere o sol.
Que bom que somos diferentes
assim posso me sentir inteira mais uma vez.
Inteira por chorar olhando em teus olhos.

Pedi que escrevesse em uma folha.
Era folha vazia da minha existência.
Você anotou um nome.
fico tocando cada letra como se pudesse
tocar e entender tua alma como uma cega
que procura tatear significados.
Partitura de música inaudível
apenas meu corpo escuta sua ausência.
Silêncio nas minhas memórias.
Você está longe
ouço o corpo tocar os sons
Estalar dos ossos.
Seu anel gira e por ele passam todas as estações.

domingo, 25 de julho de 2010

estou há séculos
esperando.
quero decorar poemas
se acaso você algum momento estiver
aqui do meu lado
minhas mãos procuram as suas.
sorrio sorriso sem sentido
sombras e caminhos
queria passar as mãos nos teus cabelos.
acho que na verdade quero somente andar ao teu lado.
olhar baixo
respiração completa
ouvir o mesmo vento batendo na alma.
Mas isso é pura ilusão.
tu não estás e nunca estará.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

noite longa.
conversei com você em meus sonhos
mas você calado respondia-me
o seu corpo andava e sua alma ficava ali parada me olhando.
dificil aceitar o amor...
melhor você ter tudo em outros universos
o meu está tomado por chuvas e tormentas.
você prefere olhar o sol
e sonhar
prefiro assim.
distancias.

terça-feira, 20 de julho de 2010

ficar só...
escorre muitas lágrimas pelas montanhas de meu corpo.
como cachoeiras as águas caem torrenciais.
preciso estar só para sentir.
preciso estar com as sensações:
perfumes texturas sorriso
verde e azul e laranja.
solidão me consola.
consola solidão-me.
tive sonhos essa noite...
sonhei com tiros e corpos despedaçados.
tempo partido...
queria por um instante voltar à minha infância,
como vi noite passada...infãncia passada num palco.
recordar e poder mudar
olhar de fora e matar todos os meus fantasmas.
O corpo dele era tomado por um êxtase quase insano...
O corpo do outro era preso em sua rigidez sublime.
Inferior e Superior
quem é quem ali na cena?
quem é quem na vida?
a vida guia-nos por estradas escuras.
queria abrir os olhos e te ver vivo, novamente.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

a tempos não lia cummings...

tem coisas que são minhas e não são mais nossas
às vezes dói na carne.
estou tentando cada vez mais esquecer o que era
e transformar em coisas somente minhas
.
choro...delícia de poema


e. e. cummings pode nem sempre ser assim

pode nem sempre ser assim; e eu digo
que se os teus lábios, que amei, tocarem
os de outro, e os teus dedos fortes e meigos cingirem
o seu coração, como o meu em tempos não muito distantes;
se na face de outro os teus suaves cabelos repousarem
nesse silêncio que eu sei, ou nessas
palavras sublimes e estremecidas que, dizendo demasiado
ficam desamparadamente diante do espírito vozeando;

se assim for, eu digo se assim for –
tu do meu coração, manda-me um recado;
que eu posso ir junto dele, e tomar as suas mãos,
dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
Então hei-de voltar a cara, e ouvir um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.

e. e. cummings
xix poemas
trad. jorge fazenda lourenço
assírio & Alvim
1998

quarta-feira, 14 de julho de 2010

queria estar em teu corpo...
mas é impossível
contento-me em te olhar.
de longe para não me machucar.

paixões redescobertas....

volta a art nouveau
Caligrafia no papel branco arroz
ornamentos
cacos de vidros passeiam entre as palavras
Se é belle époque os tecido esvoaçam
o ferro são meus ossos e o vidro meus olhos.

terça-feira, 13 de julho de 2010

paisagem lá fora.
ouço bill evans no piano.
Andei falando demais.
Si..
len..
ciciar.
A menina falava demais, falava com todos e com as paredes.
As paredes tem sensações e as poeiras do cal se diluiam na pele da menina.
Olhos e ouvidos e boca.
seu rosto virou uma textura.
silenciou.

domingo, 11 de julho de 2010

"Um homem é todas as cousas que ele viu e todas as pessoas que passaram por ele, nesta vida" Teixeira de Pascoaes

Escritor português que transita entre filosofia e poesia, sensação e razão, eros e psiquê...


“Tudo é memória: um fumo leve, em mil visagens animadas; ou denso, em formas inertes e sombrias; e, ao longe, a grande fogueira invisível que os demónios e os anjos alimentam”

(...)

“Vivo, porque espero. Lembro-me, logo existo”


(Pascoaes, “O Pobre Tolo”, capítulo I, colecção “Obras Completas de Teixeira de Pascoaes”, organização de Jacinto do Prado Coelho, volume IX, Livraria Bertrand, 1973)


Sonho

Estrelas no céu, estrelas na terra. Ele estendeu um lençol, fecham os olhos e começam os sonhos porque ainda era noite.
Ela olhava para cima, Eros chegou em silêncio como faz. Sempre. Ele mostra uma parte de sua beleza no brillho que as estrelas provocam em sua pele, mas outra parte sua é sombra.Ele nunca se deixa desvendar, enigma eterno.
Corpo etéreo porque de tão perfeito os outros deuses não o deixaram ser matéria.
- Tu não tem forma exata, ainda não sei quem és. Dionísio ou Apolo?
- Pense em você agora. Amanhã descobrirá quem sou, devagar.
Noite corre, como se existissem cascos nos pés. Dança, teias de toques vão sendo desfiados e trançados nos dedos, nos braços, na pele, no olhar, nas vozes, nos poemas.
Estavam construindo juntos um casulo para ela, com todos os fios do acariciar. Aos poucos, bem lentamente ela sentiu rasgar em sua lateral um ponto, eram asas que começavam a desvencilhar da pele. Não ligou, continuou na trama de corpos pelo espaço que ganha sensações.
Manhã seguinte ela descobriu quem era ele. Metamorfose, ela se transformou em borboleta. Voa sozinha, mas o casulo ainda guarda para si.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Je vivroie liement

de Guillaume Machaut





sou comum
é triste saber,
porque queremos sempre ser especiais...
de algum modo.
Sou igual a todas que passam pela rua, a todas que o abraçam ,
a todas que choram em seu ombro.
estou atrás na verdade.
Foi um sonho rápido.

estou caindo dentro de mim mesma

estancando e calando meu choro porque nunca nada é meu.
e no fundo não quero que seja.

Por que o desejo de pessoas iguais a nós mesmos?
mesmos gostos, mesmos costumes?
quero me desafiar, não quero apaixonar-me pelo meu eu do outro lado do espelho.
quero me redescobrir no outro, no estranho, no fora de costume
para abrir meus horizontes.

e tenho mais que um.

Hoje consegui dormir. Sono.
suspiro de lembrar: você.
Perguntaste o que tem de tão especial: "tudo é como os outros são".
Engano seu.
Os tempos são diferentes, é como se você tivesse aberto uma porta nova em minha casa.
Uma que eu nunca havia entrado.
Você tomou-me inteira.
tempo espaços detalhes sorrisos e lágrimas.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

corpo está brilhante, Finalmente abre-se partes esquecidas da minha alma.
Meu coração está mais feliz. só agora.
Persigo amores que nunca chegarão porque
tudo está dentro de mim.
Porque ainda sinto tua mão em minhas pernas?
tua boca entre os meus beijos, se tudo está dentro?
neblina
Que lembranças solitárias terei.
porque amanhã você esquecerá.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

experimento diferentes emoçoes
percebo as luzes e os sons à minha volta.
a menina tocou os cabelos, fico preocupada porque as mãos estão vermelhas.
pingo água nas mãos
elas se diluem...
escrevo com meu olhar.

terça-feira, 6 de julho de 2010

escutando purcell pela manhã
lembro-me de coisas que quero esquecer...
Há uma dor que corrói.
Quero ocupar o tempo o máximo possível
para lembrar-me somente do mínimo.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

apenas um exercício de Dioniso



Como é facil amar as pessoas
ontem vi em teus poros beleza,
olhei fundo nas marcas de teu rosto.
Seu olhar me chamava
eu queria te amar
senti teu cheiro com as minhas mãos.
quando nos pediram para nos separarmos
obedeci e chorei como se tu fosse aquele amor perdido entre os fios das moiras.
De longe amava cada parte tua: o desenho de teus braços na parede branca,
o queixo que apontava para mim, o cabelo desgrenhado porque esteve entre as minhas mãos. seu andar lento e sua voz que tomava todo espaço daqueles instantes
sem dizer nada audível.
A intensidade do sentir, a força do acreditar e o instante efêmero de ter sido correspondida.

sexta-feira, 2 de julho de 2010


alegria-presença-descontração
pés-mãos-movimento
invenção-criação-rebuliço
coraçãopulsante-pernas-orelhas
sinto vida.
Abraça-me,
Dionísio.
brinca de pisar nas palavras.
seu silêncio me faz criar...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

para dani


como é bom ter alguém em quem se pode confiar...
às vezes, estou em ruínas, por dentro e por fora.
Então percebo que você pode ali ou aqui ao lado me dar a mão,
um abrigo um abraço uma escuta.
é dificil ter quem nos ouça
você tem esse dom
escuta meu silêncio e minha dor.